domingo, 5 de outubro de 2008

Capítulo VIII - Porcos Guerreiros(?)

Não tivemos muito tempo para correr antes do galão de nitrogênio explodir. Conseguimos fechar o portão por onde Mineiro tinha entrado, mas ao olharmos para trás vimos que a situação dentro do mercado estava tão ruim quanto fora: Haviam muitos infectados dentro do próprio mercado atraídos pelo barulho, pela explosão ou simplesmente pelo cheiro de sangue quente.
-Caralh*... - Foi a única coisa que Mineiro conseguiu falar ao ver a situação. Ele devia ter uns vinte anos e ostentava um cavanhaque no rosto, uma mochila nas costas e um taco de beisibol preso à ela.
Sem um plano seria impossível sobreviver a aquela situação. Mesmo um plano improvisado ajudaria.
-Vitinho, sobe na sala em que estão os sobreviventes e tente dar alguma ajuda! Mineiro, atire em tudo o que não estiver devidamente morto - Essa ordem foi recebida com um resmungo de Vitinho e com um leve sorriso de Mineiro, provavelmente devido a minha ironia ou com o fato de eu não ter mudado muito da última vez que nos vimos.
Havia no mínimo uns dez infectados se aproximando da gente e com o meu arco eu acertava os mais distante e Mineiro, cujo nome era Matheus mas ninguém o chamava assim, exterminava os que estavam mais próximos. Na caixa de som do mercado eu podia escutar Vitinho anunciando uma música especial para esse momento."Maldito senso de humor na hora errada" - pensei quando comecei a escutar War Pigs do Black Sabbath.
Quando vi que mais mortos-vivos se aproximavam da gente, larguei o arco e flecha e peguei a minha 45mm e comecei a atirar no ritmo da música com direito a onomatopéia de tiros.

-"Generals gathered in their masses..."Bang Bang!
-"Just like witches at black masses ..." Bang Bang!

-Cuidado Lot!! - O grito vinha de Mineiro seguido de um tiro que por pouco não acertou minha cabeça. Quando olhei para trás vi que no meu descuido poderia ter sido mordido. Eu tinha certeza que tomaria um esporro por minha falta de responsabilidade suicida.

A minha 45mm estava no coldre que eu levava na perna só para precaução portanto não tinha mais munição do que o pente com dez balas. Ao ver que havia mais cinco mortos vivos vindo na minha direção e que Mineiro estava com sua cota de Mortos-Vivos cheia, corri um pouco e deslizei no chão escorregadio por causa do sangue e alcancei meu arco. Eu ainda tinha 7 flechas na aljava, ou seja, só podia errar dois tiros. Ao contatar isso alcancei o espeto de uma churrasqueira que estava ao meu lado e esperei um infectado vir em minha direção para cravá-lo em sua cabeça. Uma precaução que tomei foi amarrar um pano em volta da boca, pois a infecção poderia ser passada para mim caso alguma ferida da minha boca tivesse contado com o zumbi. Consegui acertar um infectado que tinha um pedaço da mandíbula faltando e outros dois. Ao ver que o derramamento de sangue havia terminado, tive tempo de falar com o meu antigo parceiro.
-Então...Tá lá ainda? (papinho genérico pra quem não faz idéia da onde a pessoa trabalha)
-Eu sabia que você se prepararia para isso Lot...Você sabe que eu sempre evitei dizer isso para não encher o seu ego, mas foi uma ótima idéia vir para cá.

-Valeu...você tá todo cheio de sangue, vai no setor de vestuário, coloca alguma coisa nova e sobe naquela salinha onde o Seboso foi - Disse eu enquanto o acompanhava até essa seção, visto que minhas roupas também estavam ensanguentadas 'Seboso' era um apelido esquecido de Vitinho em virtude de seu cabelo.

Depois de nos trocarmos, embora ainda estivéssemos com sangue já que ninguém achou um lugar para se lavar, subimos na pequena sala de gerência com colchões, sacos de dormir e mantimentos que pegamos no caminho. Ao chegar à sala de gerência vi que Vitinho e Schuller estavam monitorando as câmeras e o resto conversava entre si.
Mayara, que cantava com a gente antes da 'Invasão Zumbi' começar, tinha cabelos pretos e ainda estava com a roupa da festa na casa do Brunão, uma meia arrastão, um shortinho 'de biscate' como eu mesmo dizia, e uma blusa que parecia um espartilho, com um decote exagerado. "Deve estar morrendo de vergonha naquela roupa" - pensei enquanto joguei para ela uma jaqueta para cobrir o decote antes que ela sumisse de tanto ser secada pelo Brunão, o dono da festa em que tocávamos, que era gordo, com o cabelo curto e usava uma camisa social com uma calça jeans e um tenis caro que, por mais que ele não tivesse se envolvido no conflito, estava cheio de sangue. Artur, um amigo nosso, tinha quase o dobro da minha altura(o que não queria dizer muita coisa), tinha um cabelo 'Estilo Ramone' como eu mesmo apelidei, usava uma jaqueta com uma camiseta antiga em que estava escrita alguma coisa sobre o Acre. Paulo, que tocava baixo, era um típico punk com traços que lembravam Sid Vicous.
Entregamos a todos comida, álcool e, o mais importante, armas.
-Escutem as três principais regras para sobrevivermos: Sempre dê cobertura ao sobrevivente mais próximo ou ele terá o direito de fazer o mesmo com você. Observação: na dúvida proteja a Mayara para perpetuarmos a espécie - eu ria olhando para ela embora não fosse retribuído - Não tenha segredos, isso é o maior clichê de um filme de terror.
-E a terceira? - disse Paulo olhando pra mim ainda rindo da cara de Mayara.
Eu tinha esquecido qual era a terceira regra e tentei improvisar:
-Se você morrer e continuar vivo você se f*deu...

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que conto legal!!
Sua autoria??

E gostei do Layout tb...

Joey disse...

Legal,não li tudo,vo ler, depois comento!