segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Prelúdio I - Lot

Londrina, 21 de Dezembro de 2012

-Sr.Pedro Lot!

A voz vinha da professora de Química, a Dona Marisa Gomez e ecoava pela sala. Adivinha a quem ela se digiria? A mim, porque não?

Levantei e a visão que eu tive foi uma mulher de cabelos castanhos lisos a base de escova progressiva, jaleco branco com o nome do colégio no bolso direito e da sala inteira olhando para mim:
-Será que pode concluir meu raciocínio por favor?

Tentei ler o que estava escrito no quadro, mas não deu muito certo. Daí eu tentei distrair a ela e a classe com um papinho genérico, mas de todos as perguntas que você faz quando não tem assunto com a pessoa, eu consegui mandar a pior:

-Você sabia que o Apocalipse é amanhã?

Todos os meus colegas olhavam para mim. Os que estavam dormindo acordaram. Eu adorava falar dessas coisas, mas nunca fui tão(com perdão do trocadilho) 'apocalíptico'. Uma parte da sala me olhava com curiosidade, uma pequena com medo e outra estava esperando a hora que eu ia falar que era brincadeira. A melhor escapada que eu consegui pensar na hora foi começar a rir, que fez com que todos achassem que não passou de uma piadinha sem graça, minha especialidade. Para me salvar, bateu o sino e fomos liberados para curtir o nosso fim de semana.
Peguei o meu ônibus e desci a umas 2 quadras de casa, ouvindo 2 minutes to mignight no mp4. Depois de ter falado do apocalipse, escutar essa música não é uma boa coisa. A letra fala do 'Relógio da meia-noite', criado na Guerra Fria para medir a possibilidade de estourar a guerra nuclear, baseado em cálculos feitos por cientistas com base nos fatos que ocorriam no mundo.
No momento em que os Estados Unidos e a União Soviética testam dispositivos termonucleares no prazo de nove meses um do outro, o relógio conseguiu sua maior aproximação da meia-noite: 11:58, 2 minutos para a meia noite. É por isso que ouvir essa música depois do que aconteceu soa estranho...

Trecho de 2 Minutes to Midnight (Dickinson, Smith)
Algum orgulho escurecido continua queimando

Desta casca de deslealdade sangrenta
Aqui está minha arma para um pouco de diversão
Pelo amor dos mortos vivos

A cria do assassino ou a semente do demônio
O glamour, a fortuna, o sofrimento
Ir para a guerra de novo,
O sangue é a mancha da liberdade
Mas nunca mais reze pela minha alma

Chego em casa. Almoço e deito na cama depois de ligar o som e escutar o Greatest Hits do Ramones. Quando acordei o CD já tinha tocado umas 7 vezes seguidas, o que não significa muita coisa, pois as músicas do Ramones tem no máximo 3 minutos cada uma. O que me fez acordar foi uma ligação que eu recibi do meu seboso amigo Vitinho perguntando se eu não queria carona para a festa em que a gente iria tocar na casa de uns amigos. Eu aceitei o convite, já que ia ser f*da levar a bateria de buzão até o outro lado da cidade.

Meia hora depois ele passou pra me buscar. Eu já tinha desmontado a bateria o suficiente para ela caber no porta-malas e no banco de trás do carro. Chegamos no lugar em que íamos tocar, era a casa de um conhecido nosso.

-Nada como sermos pagos para comer e beber! - Disse, brincando com o fato de estarmos ganhando para tocarmos hoje.

-Você que toque bêbado para ver. - Disse o baixista, lembrando da última vez que tocamos em uma festa desse tipo.

O dono da festa tinha chegado. Bruno Fogaça era o nome dele, um velho conhecido meu e da banda e que tinha um casa bonita, até um desperdício para quem mora sozinho, com um salão de jogos, um salão pequeno e uma área grande, com piscina, onde íamos tocar hoje.

Eu comecei a montar a bateria e os outros membros foram regulando seus instrumentos.

Não lembro quantas músicas a gente tocou, mas tinha The Number of the Beast com um solo improvisado, Sweet Child O' Mine no mesmo esquema, algumas do Ramones e Detroid Rock City do KISS. Mas tudo começou realmente quando eu escutei, ao longe, a musiquinha do Plantão da Globo. Mais da metade da população brasileira tem trauma com aquela musiquinha...Mas nehuma notícia veiculada se compara a de hoje.

-...Permaneçam em suas casas até ser encontrada uma cura ou qualquer outr-ra solução para isso! - Dizia, nervoso, o repórter.

-Eu avisei...- Disse, sarcasticamente, pois sabia o que estava por vir.

9 comentários:

Jack disse...

Fala Pedro,

muito maneira a iniciativa de vocês. Continuem escrevendo. Gostei das referências!

Abraço,

Fernando Russell

Anônimo disse...

po muito legal

adorei

... disse...

é o apocalipce chegou...chega a cada dia...só nós não percebemos..alias..ajudamos a fazer ele...

abraços

passa lá

http://blogdocleidemar.blogspot.com/

Tati disse...

Se eu entendi direito a estória se passa no final de 2012... se for, não tem sentido ouvir CD e MP4.Do jeito que as coisas estão, daqui 4 anos não iremos mais ouvir cd.

Minero disse...

nao necessariamente...

se ate hj eu posso ouvir LP pq nao cd??

Lot disse...

Sinceramente, eu não acho q em 4 anos vamos evoluir tanto assim xD

Ana Yasha disse...

Será que daqui a 4 anos eu ainda estarei escutando nirvana? o.o'

Lot disse...

Meu tio escuta Iron Maiden, Pink Floyd, Ultraje, etc... faz 20 anos
Isso responde sua pergunta? =D

Lot disse...

Ah, e sobre as tecnologias, preferi não viajar muito no futurista, pois tiraria um pouco o pé da realidade...Preferi considerar q daqui 4 anos vai continuar quase do mesmo jeito do que viajar em carros voadores